quinta-feira, 14 de abril de 2016

O Futuro das Operações Especiais (Parte 1)

Adaptação do texto escrito originalmente por Linda Robinson, assessora adjunta para a Segurança Nacional e Política Externa do Conselho de Relações Exteriores dos EUA. (Disponível em: https://www.foreignaffairs.com/articles/united-states/2012-11-01/future-special-operations Acesso em: 12 abr. 2016).

Durante a última década, a estratégia nacional de Segurança e Defesa dos EUA se vale dos esforços empreendidos por FOpEsp de forma inédita na história do país. Considerando que o Pentágono atribui imensa relevância à tarefa de identificar e neutralizar insurgentes e terroristas, as unidades de elite aprimoraram a sua capacidade de realizar "caçadas humanas", adotando um nova tática conhecida como "Find, Fix, Finish, Exploit, Analyze and Disseminate" (Localizar, Decidir, Eliminar, Explorar, Analisar e Disseminar). Para tanto, as FOpEsp adotaram uma estrutura organizacional que lhes favorecesse, buscando estabelecer uma relação mais próxima e de colaboração com as agências de inteligência, permitindo que seus quadros operacionais pudessem se mover na "velocidade da guerra", termo utilizado por Stanley Allen McChrystal, oficial (Ref.) do Exército responsável por elaborar a estratégia contemporânea norte-americana de combate ao terrorismo (o General McChrystal respondeu pelo comando do JSOC entre 2003 e 2008).
Implementar a visão de McChrystal foi bastante dispendioso para os cofres do governo dos EUA, que teve que investir vultuosas quantias em sistemas de comunicação de última geração, aeronaves dotadas com capacidade "stealth", aparatos para fornecer dados de inteligência; construção de QGs de alta tecnologia para as FOpEsp, entre outros investimentos. Esses gastos consumiram um elevado percentual do orçamento total destinado às OpEsp, catapultando os valores (que em 2001 era de US $ 2,3 bilhões) para US $ 10,5 bilhões em 2012. 


Fotografia 1: General Stanley McChrystal, idealizador da estratégia norte-americana de combate ao terrorismo no período pós-onze de setembro.  (Fonte: Disponível em: http://www.westpointhistoryofwarfare.com/press/ Acesso em: 12  abr. 2016).

Operações similares àquela conduzida por homens do DEVGRU e levou à morte de Osama bin Laden, tornaram-se corriqueiras no auge das campanhas do Afeganistão e do Iraque. Em virtude das informações coletadas e processadas rapidamente, as FOpEsp norte-americanas chegaram a realizar até 14 incursões em uma única noite. Na eventualidade dos decisores considerarem que um determinada ação poderia ser excessivamente arriscada, ou os riscos políticos demasiadamente críticos, a alternativa seria realizar ataques valendo-se de ARP (Aeronaves Remotamente Pilotadas) armadas (ofensiva que, normalmente, ficava à cargo da CIA [Agência Central de Inteligência]). 
Ações de choque valendo-se de FOpEsp e ataques aéreos utilizando vetores de alta tecnologia despertam a atenção dos meios de comunicação, fato que induz uma percepção equivocada quanto à solução rápida dos conflitos no intuito de evitar os indesejáveis engajamentos prolongados das tropas. Na prática, ações diretas como o emprego de tropas especiais e "drones" representam alternativas táticas que raramente são decisivas e, geralmente, incorrem em custos políticos e diplomáticos significativos para o Estado que os patrocinaram. Nesse sentido, apesar do comprovado valor das ações diretas na tarefa de reprimir ou interromper eventuais ameaças, membros do Alto-Comando da comunidade de OpEsp dos EUA admitem que elas não devem ser adotadas como o pilar de sustentação da estratégia de Defesa norte-americana. Para eles, a melhor alternativa para confrontar as ameaças seria conjugando "ações diretas" com "ações indiretas".


Fotografia 2: MQ-9 Reaper disparando míssil Hellfire. Assim como as FOpEsp, as ARPs são  consideradas como um método de abordagem direto. (Fonte: Disponível em: http://www.fastcompany.com/1695219/inside-lawsuit-could-ground-deadly-cia-predator-drones Acesso em: 12 abr. 2016).

São consideradas "ações indiretas" o conjunto de medidas executadas para alcançar objetivos de interesse sem a necessidade de confrontar o inimigo. Tais ações partem da premissa da "espada embainhada" estabelecida por Sun Tzu, segundo a qual uma vitória sobre o adversário pode ser conquistada sem a necessidade de retirar a lâmina de sua bainha. 


[...]obter cem vitórias em cem batalhas não é o máximo da habilidade. Subjugar o inimigo sem lutar é o máximo da habilidade. [...]Aquele que luta por uma vitória com espadas desembainhadas não é um bom general. (SUN TZU) 

Nesse contexto, as FOpEsp têm capacidade para auxiliar organismos distintos (com ou sem vínculo estatal) com o objetivo de prover aconselhamento e treinamento. Em situações específicas, e caso seja necessário, as unidades de elite poderão atuar ao lado de militares estrangeiros, forças policiais, milícias e outros grupos informais. Também é de sua competência a tarefa de estudar as particularidades de determinado ambiente, coletando e reunindo informações enquanto angaria a confiança da população promovendo a melhoria da qualidade de vida da comunidade local (provendo assistência em diferentes setores nos quais há carestia).
Atualmente as FOpEsp tem priorizado as ações indiretas, uma vez que operações dessa ordem oferecem menor exposição das tropas e permitem a redução dos custos. Todavia, conduzir uma operação valendo-se dos métodos indiretos não é uma tarefa das mais simples, uma vez que nem todas as tropas especiais estão devidamente preparadas para esse tipo de abordagem. Assim, considerando o imenso potencial que as ações indiretas têm para alcançar os objetivos previamente estabelecidos, é necessário que as FOpEsp tentem se adequar à essa modalidade operativa de modo a adquirir a capacidade de executá-la de forma eficiente. 


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