quarta-feira, 4 de maio de 2016

Operações Especiais no Combate ao Estado Islâmico

Adaptação do texto escrito originalmente por Linda Robinson, assessora adjunta para a Segurança Nacional e Política Externa do Conselho de Relações Exteriores dos EUA. (Disponível em: https://www.foreignaffairs.com/articles/syria/2015-12-07/isis-vs-special-ops  Acesso em: 2 mai. 2016).

Em dezembro de 2015, Ashton Carter, Secretário de Defesa norte-americano, anunciou que os EUA intensificaria o envio de tropas especiais ao Iraque, instaurando uma nova fase no esforço da OTAN para derrotar a mobilização fundamentalista do Estado Islâmico, também conhecido pela sigla ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria). Os ElmOpEsp foram autorizados a realizar incursões tanto no Iraque quanto na Síria, visando remediar lacunas criadas na campanha para obtenção de dados de inteligência. As ações levadas à efeito pelos operadores norte-americanos têm por objetivo levantar informações relevantes mediante captura de pessoal e materiais (aparelhos celulares; computadores; entre outros) ligados ao Estado Islâmico. Operações dessa ordem, denominadas "Sensitive Site Exploitation", envolvem o rápido processamento e análise de dados coletados pelas FOpEsp. O conhecimento obtido devido à ação das unidades de elite ampliará significativamente a pressão imposta tanto à organização jihadista quanto à seus colaboradores/fornecedores. 
Entretanto, a iniciativa de empregar FOpEsp conduzindo Ações Diretas contra o Estado Islâmico representa apenas uma parcela do ajuste militar necessário para reprimir o ímpeto do grupo terrorista insurgente. Complementando o engajamento inicial das tropas especiais da OTAN, é fundamentalmente importante desenvolver métodos de Ação Indireta para constituir tropas nativas capazes de prover a segurança do território da Síria e do Iraque. A OTAN apoia diversos grupos locais que se opõem ao ISIS, embora não se mobilize para unificá-los em um esforço conjunto para esse fim.


Fotografia 1: ElmOpEsp norte-americanos e jordanianos participam de uma demonsntração conjunta com tropas iraquianas. (Fonte: Disponível em: http://english.alarabiya.net/en/News/middle-east/2016/01/13/Special-U-S-targeting-force-now-in-place-in-Iraq.html Acesso em: 2 de mai. 2016).

Os esforços militares da OTAN, sobretudo dos EUA, para combater o Estado Islâmico no Oriente Médio tem como pano de fundo o interesse político-estratégico norte-americano na região. Fornecendo suporte mais consistente para o governo de Haider al-Abadi, primeiro-ministro do Iraque, os EUA poderiam ampliar seu nivel de influência em Bagdá. Por sua vez, incrementar o apoio norte-americano para erradicar o ISIS na Síria pesaria favoravelmente para os opositores do presidente Bashar al-Assad quando forem definidos o destino do atual regime, bem como a erradicação da organização fundamentalista no país. Para tanto, é imprescindível que seja estipulado um calendário visando uma eventual transição de governo. A instauração de prazos poderia incentivar a Rússia e o Irã, aliados do regime totalitário de al-Assad, a procurar por caminhos alternativos para garantir seus interesses, abandonando definitivamente a iniciativa de apoiar um governo fragilizado.
Embora a Rússia também tenha se mobilizado para derrotar o Estado Islâmico efetuando "bombardeios estratégicos" sobre as terras ocupadas pelos jihadistas, a falta de precisão dos artefatos russos tem ocasionado mais problemas que soluções à medida que causam um excessivo número de baixas civis. 
Diferente da metodologia adotada pelos russos, a OTAN optou pela estratégia de enviar suas FOpEsp para assessorar as tropas iraquianas e sírias na tentativa de derrotar o Estado Islâmico. Apesar de Washington ter se comprometido a intensificar a campanha para erradicar o ISIS, os esforços têm grande probabilidade de falhar caso os recursos reservados para as Ações Indiretas conduzidas pelos ElmOpEsp não tenham esse destino.   


Fotografia 2: Operador Especial  de 1ª Classe Charles Keating IV, morto no Iraque em 03/05/2016 em confronto com militantes do Estado Islâmico. (Fonte: Disponível em: http://www.nbcnews.com/storyline/isis-terror/charlie-keating-iv-grandson-notorious-banker-identified-navy-seal-killed-n567361 Acesso em: 5 mai. 2016).

Empenhados em derrotar a ameaça representada pelo Estado Islâmico, as forças de coalizão lideradas pelos EUA sofreram mais uma baixa nesta terça-feira, dia três de maio de 2016. Envolvido em um intenso combate contra militantes do ISIS, Charles Keating IV, um operador SEAL da Marinha norte-americana, foi vitimado por um disparo de arma de fogo nas proximidades da cidade iraquiana de Erbil. Com 31 anos de idade Keating atuava como assessor incorporado às forças curdas peshmerga, e foi morto após integrantes do ISIS terem penetrado a linha de frente das tropas as quais assessorava. 


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